Destaque - Texto

" Ratos. Que te comam. Que te esventrem e te suguem as entranhas. Que te enterrem meio vivo para pensares um pouco "

segunda-feira, novembro 6

Sorriso

Sorrio mais uma vez. Numa noite mais alegre do que as outras noites. Não somos nada quando de nada nos servem os outros. Quando a música pára e paramos de viver.

Deixo a garrafa no chão.

Olho o mundo que me rodeia, tão diferente de mim. Tão indiferente a mim.
Saro mais esta chaga com o sangue de outra chaga que cresceu de dentro de mim. As pessoas lutam no meu mundo. A paz não chega ao sitio mais escuro de cada eu. E de cada um que eu sou, nasce um momento infeliz a cada dia que passa.

Mais um doce trago desta alegre melancolia. Água ardente caseira.

Expliquei a todos porque vim, porque parti em busca de um encontro com o que acreditei. Despedi-me de vós. Juntei-me a nós. E a partir desse dia que me mutilo por cada litro de ar que respiro. Por me punir com o que faço de errado, por me sentir forçado a desistir de tudo o que não sou, hoje não consigo caminhar. Caroços nasceram em minhas pernas. Os cães, vádios, estragam-me a pele em busca dos ossos mais superficiais.

Tenho frio, em outra noite fria.

Luís Miguel Teixeira

1 comentário:

Teresa Durães disse...

adorei o texto!

(mas espero que esta noite seja melhor)