Como se ele me conhecesse desde sempre. Olhou-me frontalmente e observou cada gesto meu. Enquanto escorria a pouco e pouco o sangue que me compunha.
Grito mais uma vez. Ele grita também.
Contorço-me em dores agoniantes e engasgo-me no meu próprio sangue.
A um metro do chão, cravadas as minhas mãos às paredes húmidas desta casa, recomeço a chorar.
E ele ali. Fumando mais um cigarro e compondo o chapéu à cabeça, como se de um jeito nervoso se tratasse.
Vai-se me a alma. Esvai-se por uma frecha na parede.
Sem alma fico ali. A olhar um ponto fixo no chão. Enquanto que aos poucos o sangue que escorre do topo da nunca me cobre a face e me leva com ele naquele doce e quente aroma.
Pelo que me contaram depois, ele ficou ali comigo até sempre. Morremos os dois. Ele com os pés pregados ao chão.
Por fim fomos companheiros nestes últimos meses.
Kimera
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" Ratos. Que te comam. Que te esventrem e te suguem as entranhas. Que te enterrem meio vivo para pensares um pouco "
quinta-feira, junho 7
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1 comentário:
Vivemos no tempo da ilusão que o cinema e a televisão nos conferem sabedoria, e por isso ler é uma perda de tempo. Felizmente, vamos encontrando algumas pérolas por aí caídas.
Gostei especialmente deste pequeno texto.
Abraço.
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