Sobe-se o tom. O cheiro. A podridão que me rodeia. Mais e mais.
Não fossem as correntes que me amarram ao solo. Não fosse o balde com água em local que não consigo alcançar por centímetros. Não fosse tudo o que fiz para não merecer isto.
Escorre-me o suor pelas peles já pendentes nos ossos que as suportam. A carne foi-se aos poucos. As formigas não me alcançam mas metem-me medo. Alimentam-se das gotas que lhes caem junto ao corpo. Não podemos sair dali e elas também sabem disso.
Agito-me de tempos a tempos para ter a certeza que ainda cá estou. A minha alma leva-me em viagens tão longas quanto o tempo que permaneço inconsciente.
Aos Pés do Mundo
Contra vós, homens, me insurjo!,
Podridão desta abandonada terra
Contra esse sentimento tão sujo
De quem sem dó hoje m' enterra!
Contra vós, ditos "homens de bem"
Tão puros como virgem desflorada
Sujos de dor e de culpa e de nada!
Contra vós e contra mim também!
Contra Ti, qu' hoje aqui me deixaste
Contra Ti!, tu que nunca me amaste!
Contra Ti, a quem agora me ajoelho!
Contra o Homem de quem sou o espelho
Contra este corpo que hoje Te entrego!
E sempre contra o Mundo que carrego!
Não fossem as correntes que me amarram ao solo. Não fosse o balde com água em local que não consigo alcançar por centímetros. Não fosse tudo o que fiz para não merecer isto.
Escorre-me o suor pelas peles já pendentes nos ossos que as suportam. A carne foi-se aos poucos. As formigas não me alcançam mas metem-me medo. Alimentam-se das gotas que lhes caem junto ao corpo. Não podemos sair dali e elas também sabem disso.
Agito-me de tempos a tempos para ter a certeza que ainda cá estou. A minha alma leva-me em viagens tão longas quanto o tempo que permaneço inconsciente.
Aos Pés do Mundo
Contra vós, homens, me insurjo!,
Podridão desta abandonada terra
Contra esse sentimento tão sujo
De quem sem dó hoje m' enterra!
Contra vós, ditos "homens de bem"
Tão puros como virgem desflorada
Sujos de dor e de culpa e de nada!
Contra vós e contra mim também!
Contra Ti, qu' hoje aqui me deixaste
Contra Ti!, tu que nunca me amaste!
Contra Ti, a quem agora me ajoelho!
Contra o Homem de quem sou o espelho
Contra este corpo que hoje Te entrego!
E sempre contra o Mundo que carrego!
Suportei todo o tempo os pés do mundo. Suportei estes dias como se precisasse de mostrar o Homem que sou.
Matem-me... Levem-me daqui mais uma vez. Levem-me para o fundo do poço que foi para onde levaram a minha vontade de viver.
Matem-me... Levem-me daqui mais uma vez. Levem-me para o fundo do poço que foi para onde levaram a minha vontade de viver.
Contra vós sempre!
Até um dia.
Luís Miguel Teixeira com soneto de Miriam Luz
21 de Agosto de 2007
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