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sexta-feira, maio 11

Martim "The boss" Scorcese

Perceber a obra de Scorcese é querer ver o mundo pelos olhos de um dos realizadores mais creditados, consagrados e venerados por todo o mundo cinéfilo.
A sua mais recente obra sofreu da crítica o estigma de ser de Scorcese...não que isso seja mau á partida, mas porque foi o seu primeiro filme premiado pela academia.
The departed é o seu primeiro filme que realmente envolve as personagens numa trama....historia, foi dito pelo próprio que foi o primeiro filme que realizou com um argumento...e isto é dizer muito dos seus filmes.
O argumento, a dinâmica dos diálogos, recheadíssimos de taglines e de expressões marcantes que só por si conferiam dimensão oscarizante a todos os seus comunicadores. De todo o cast, praticamente todos tiveram direito a frases singulares que lhes deixavam um cunho na história.
Todos eles actores consagrados, todos eles oscarizaveis por esta obra-prima.
Ver Scorcese subir ao palco e ganhar o óscar por esta obra e ao fim de tantos anos e com filmes tão marcantes como Raging bull, Táxi driver ou Goodfellas é algo que se percebe que pode incomodar “Os Die hard fans” porque, até eu próprio confesso por um lado, preferia que não tivesse ganho.
Não que a obra não o merecesse mas porque era imagem de marca ver Scorcese na bancada e ao ouvir outro nome que não o seu subir ao palco, apesar de todos perceberem que a sua era a obra mais conseguida.
Nos últimos anos a parceria que estabeleceu com Di caprio, dimensionou-lhe o trabalho para o grande publico. Com a publicidade e rasto de flashs que o menino atrai era impossível mais publico não aderir ao universo Scorceseano.
Eminentemente biográfico Scorcese é oscarizado por uma obra diferente do seu universo cinéfilo, e por isso, o demérito aos olhos dos críticos dessa gloriosa noite da sua consagração.
O realizador que tivesse 5 vezes nomeado para melhor filme e realização, ao ganhar o óscar certamente largaria um suspiro de alívio por poder agora figurar na galeria de vencedor do prémio mais cobiçado. Mas Martin não. Recebeu o prémio das mãos dos realizadores mais marcantes do século XX com o sorriso de alguém que nada teria a provar e que assumiu uma posição quase mítica de realizador injustiçado.
Scorcese abordou ao longo da sua carreira varias obras que muitos banalizariam com a sua limitação cinéfila, mas o professor, sempre conseguiu ser incisivo, polémico, credível e muito criativo nas abordagens aos seus filmes e com planos maravilhosos que não estão ao alcance visual de todos.
A marca Scorcese esta presente em todas as suas obras e são marcas inigualáveis e inacessíveis. Muito há a aprender com este grande senhor do cinema e da sua maneira gutural e visceral de encarar a realidade, com um visual arrojado, forte e palpitante, que entrega com a leveza de uma pena imagens incrivelmente violentas e agressivas, quase goricas.
Por tudo isto e muito mais Scorcese merece o óscar por The departed por ser acima de tudo a obra mais completa, estruturada e melhor escrita que o realizador alguma vez fez...Viva Martin!


Texto escrito por Bruno Cabral

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei bastante deste teu post.
Não sou especial fã de scorcese apesar de ter adorado o The departed...gosto simplesmente de cinema e de todas as sensações que ver 1 bom filme me tráz.
Concordo com o bruno quando diz que preferia que ele não tivesse ganho o oscar. Também acho que outras obras dele o mereciam mais mas a academia tem revelado, ultimamente, a "mania" de atribuir prémios pelo conjunto da filmografia e não tanto pela obra em si (pelo menos é assim que vejo as coisas...e penso que a trilogia do Sr dos aneis, filmes que adoro, foi exemplo disso).Acho ainda que o departed não merecia o oscar porque neste ano estava a concurso o filme Babel, filme que me tocou, por ser duro, visceral, e por me ter deixado com aquela sensação de murro no estômago...

Ass. Filipa Sousa

Maяtikos disse...

Muito bem, Bom artigo.